Maat – A Palavra da Verdade

A verdade não é uma invenção moderna. Tal como a conhecemos, ela existe onde há consciência; uma está envolvida na outra. Mas de onde vem a verdade, a retidão e a justiça, e o que podemos chamar de código de ética? Parece que nossa civilização e nossa cultura têm uma dívida para com o Egito Antigo. De todas as culturas ou países conhecidos, o Egito tem os mais antigos registros históricos, remontando a mais de cinco mil anos.

Em egípcio, a palavra para verdade é Maat. O uso do Maat surgiu na Era das Pirâmides, iniciada por volta de 2700 a. C. No começo, Maat estava associado ao deus-sol Ra, ao faraó, à administração do país, ao homem comum, aos rituais dos templos e aos costumes mortuários.

Além disso, Maat eventualmente passou a ser associado a Osíris, o deus do outro mundo. Para os egípcios antigos, a palavra Maat significava não só verdade mas também retidão e justiça. Seu símbolo do Maat era a pluma de avestruz. A pluma, como símbolo, é encontrada em toda parte do Egito . nos túmulos e nas paredes e colunas dos templos. A pluma pretende transmitir a idéia de que "a verdade existirá". A pluma era transportada nas cerimônias egípcias, muitas vezes sobre um cajado. Ela aparece como fazendo parte do toucado da deusa.


A deusa alada Maat. Pintura mural que fica na entrada do túmulo da rainha Nefertari, esposa do faraó Ramsés II.
Para os egípcios que viviam na Era das Pirâmides, discernia-se o Maat como algo praticado pelo indivíduo. Era também uma realidade social e governamental existente, bem como uma ordem moral identificada com o governo do faraó. Durante toda a história do Egito Antigo, o Maat foi o que o faraó personificou e aplicou. Maat era a concepção egípcia de justiça; era justiça como a ordem divina da sociedade. Era também a ordem divina da natureza conforme estabelecida no momento da criação. O conceito tanto fazia parte da cosmologia quanto da ética.
Nos textos das pirâmides do Antigo Reino, está dito que Ra surgiu no local da criação: "... Depois ele pôs ordem, Maat, no lugar do caos... sua majestade expulsou a desordem, a falsidade, das duas terras para que a ordem e a verdade fossem ali novamente estabelecidas". A verdade e a ordem foram colocadas no lugar da desordem e da falsidade pelo criador. O faraó, sucessor do criador, repetia este ato importante na sua subida ao trono, quando das suas vitórias, ao terminar a renovação de um templo e em conexão com outros acontecimentos importantes.
Um dos textos das pirâmides diz: "O céu está satisfeito e a terra regozija-se quando ouvem que o Rei Pépi II pôs Maat no lugar da falsidade e da desordem". Os historiadores modernos concluem que a justiça era a essência do governo, inseparável do rei e, portanto, o objetivo reconhecido da preocupação de um funcionário. Ele não só estava envolvido na concepção de justiça como também na ética. Dizia-se que os inúmeros deuses dos egípcios viviam pelo Maat. Isto quer dizer que os poderes encontrados na natureza funcionavam de acordo com a ordem da criação.
Para o povo, o faraó estava com os deuses em sua relação com Maat, como se evidencia por esta citação: "Tornei clara a verdade, Maat, que Ra ama. Sei que ele vive de acordo com ela. Ela também é meu alimento. Eu também como do seu brilho". Assim, o rei ou faraó vivia pelo Maat.
Esperava-se que os funcionários dirigidos pelo faraó vivessem de acordo com o Maat, conforme o sugere esta citação: "Se és líder e diriges os assuntos de uma multidão, esforça-te por alcançar toda virtude até que não haja mais falhas em tua natureza. Maat é bom e sua obra é duradoura. Ele não foi perturbado desde o dia do seu criador. Aquele que transgride seus decretos é punido. Ele se estende como um caminho à frente até mesmo daquele que nada sabe. A má ação até hoje nunca levou seu empreendimento a termo". O significado aqui é evidente. Ele pede honestidade. Honestidade era sempre o tema.
Os funcionários do faraó devem esforçar-se por alcançar toda virtude, e sempre imparciais, verdadeiros e justos em seu trabalho. Era crença egípcia que a ordem divina foi estabelecida na criação e que esta não só se manifestava na natureza, mas também na sociedade como justiça, e na vida da pessoa como verdade. Maat era esta ordem, a essência da virtude.
O conceito de Maat confirma a antiga crença egípcia de que o universo é imutável, e que todos os opostos aparentes devem manter-se mutuamente num estado de equilíbrio. Ele subentende vigorosamente uma permanência; estimula o homem a esforçar-se por alcançar a virtude até que não tenha mais falhas. A harmonia e a ordem estabelecida de Maat, assim como a permanência, estão subentendidas nisso.
Um homem só teria êxito na vida, se vivesse harmoniosamente de acordo com o conceito de Maat e em sintonia com a sociedade e a natureza. A retidão produzia alegria; o contrário trazia o infortúnio. Este era um conceito profundo para os egípcios antigos, um conceito que ultrapassava o âmbito da ética, poderíamos dizer, e que na verdade afetava a existência do homem e seu relacionamento com a sociedade e a natureza. É claro que havia aqueles, entre os antigos egípcios, que não desejavam seguir os preceitos de Maat.
O Maat predominava por toda a terra. O camponês insistia que mesmo o mais pobre tinha direitos inerentes. Achava-se que o deus criador fizera todo homem igual ao seu irmão; a existência era curta para quem praticava a inverdade, a falsidade e a desordem, os opostos de Maat. Isto tornava impossível a vida. A eficiência de Maat não podia estar presente quando a pessoa praticava a desonestidade.

Todos os deuses do panteão egípcio agiam de acordo com a ordem estabelecida de Maat. O egípcio acreditava que o Maat da ordem divina seria o mediador entre ele e os deuses. De acordo com essa crença, quando um homem errava não cometia crime contra um deus, mas atingia diretamente a ordem estabelecida. Um ou outro deus providenciaria para que a ordem fosse vingada.
Nas pinturas que se vêem nas paredes dos templos e dos túmulos o faraó aparece exibindo Maat aos outros deuses diariamente. Assim, o faraó estava cumprindo sua função divina de acordo com a ordem de Maat em nome dos deuses. Vemos aqui também a inferência de permanência, que Maat era eterno e inalterável. Este era a verdade .uma verdade que não era suscetível de verificação ou comprovação. A verdade sempre estava em seu lugar certo na ordem criada e mantida pelos deuses. Era um direito criado e herdado que a tradição dos egípcios antigos transformou num conceito de estabilidade organizada.
A lei da terra era a palavra do faraó, pronunciada por ele de acordo com o conceito de Maat. Como o próprio faraó era um deus, ele era o intérprete terreno de Maat. Em conseqüência, também estava sujeito ao controle de Maat dentro dos limites da sua consciência. Se qualquer egípcio quisesse experimentar a felicidade eterna, esperava-se que fosse moralmente circunspecto. O caráter pessoal era mais importante que a riqueza material.
Segundo a crença do Antigo Reino, Ra era o deus do mundo dos vivos, havendo referências feitas "àquela balança de Ra onde ele pesa Maat. . O conceito era que Maat perdurava passando à eternidade. Ele ia para a necrópole com o morto e era depositado ali. Quando sepultado ou fechado num túmulo, seu nome não morria; era lembrado pelo bem que ele emanava.
Em tempos posteriores, o deus Osíris, que estava relacionado com a vida futura, tornar-se-ia juiz dos mortos, presidindo a pesagem do coração de um homem contra o símbolo de Maat. Acreditava-se que o coração era o centro da mente e da vontade. Antes desse período, o tribunal divino estava sob o deus-sol Ra e a pesagem chamava-se contagem do caráter.
Um dos documentos mais famosos do Egito Antigo é o Livro dos Mortos, que contém textos fúnebres, cujo uso começou com o Período Imperial e continuou sendo usado em períodos subseqüentes. No Livro dos Mortos encontra-se a chamada Confissão a Maat.
Para conseguir um lugar na vida futura, um egípcio precisava confessar que não cometera erra algum; portanto, ele fazia uma verdadeira declaração de inocência, que é o inverso de uma confissão. Os egiptólogos e historiadores contemporâneos acham que o termo confissão é errôneo. Contudo, por tradição continuaremos sem dúvida a denominar os textos fúnebres a este respeito no Livro dos Mortos como a Confissão a Maat.
Os textos estão escritos em papiros e falam do tribunal para o egípcio morto. O juiz é Osíris, ajudado por quarenta e dois deuses que se sentam com ele para julgar os mortos. Os deuses representavam os quarentas e dois nomos, ou distritos administrativos, do Egito.
Evidentemente os sacerdotes criaram o tribunal de quarenta e dois juízes para controlar o caráter dos mortos de todas as partes do país .sendo a idéia de que pelo menos um juiz teria de vir do nomo do morto. Os juízes representavam os vários males, pecados, etc. O egípcio morto que estava sendo julgado não confessava pecados, mas afirmava sua inocência dizendo: "Não matei", "Não roubei", "Não furtei".
Para os egípcios antigos a morte não era o fim e sim uma interrupção. O egípcio não devia incorrer jamais no desagrado da sua divindade e do Maat. O conceito do julgamento sem dúvida causava impressão profunda nos egípcios vivos. O drama envolvendo Osíris é vívido e descreve o julgamento tal como afetado pela balança.

Um certo papiro, de excelente feitura e arte, mostra Osíris sentado num trono numa extremidade da sala do tribunal, com Ísis e Néftis de pé atrás dele. Num dos lados da sala estão dispostos os nove deuses da Novena Heliopolitana dirigida pelo deus-sol. No centro está a balança de Ra onde ele pesa a verdade.
A balança é manipulada pelo antigo deus dos mortos, Anúbis, de cabeça de chacal, e atrás dele, Toth, o escriba dos deuses, que preside a pesagem. Atrás deste fica o crocodilo monstro pronto para devorar o injusto. Ao lado da balança, em sutil insinuação, está a figura do destino acompanhada pelas duas deusas do nascimento que estão prestes a contemplar o destino da alma cuja vinda ao mundo elas certa feita presidiram. Na entrada está a deusa da verdade, Maat. Ela deve conduzir a alma recém-chegada à sala do julgamento.
Anúbis pede o coração do recém-chegado. Este é posto num dos pratos da balança enquanto no outro aparece a pluma, o símbolo de Maat. Dirigia-se ao coração e se pedia a ele que não se erguesse contra o morto como testemunha. O apelo era aparentemente eficaz, pois Toth dizia: "Ouvi esta palavra em verdade. Julguei o coração... Sua alma é testemunha sobre ele. Seu caráter é justo segundo a pesagem da grande balança. Não se encontrou pecado algum nele". Tendo assim recebido um veredito favorável, o morto é conduzido por Hórus, o filho de Ísis, e apresentado a Osíris. Após ajoelhar-se, o morto é recebido no reino de Osíris.
Na Confissão a Maat, o morto declarava sua inocência. Afirmava que nada fizera de errado. Em muitos casos um escaravelho, onde estava escrita uma fórmula, era enterrado com o morto. Esta fórmula destinava-se a impedir que seu próprio coração se levantasse como testemunha contra ele.
Na 18.ª Dinastia, Amenhotep IV desalojou Osíris e os muitos deuses. Ele deu evidência e reenfatizou Maat como o símbolo da verdade, da justiça e da retidão. O disco solar tornou-se Aton. Amenhotep anexava regularmente o símbolo de Maat à forma oficial do seu nome verdadeiro. Em todos os seus monumentos de estado vêem-se escritas as palavras Vivendo na Verdade, ou Maat.
Em conformidade com este fato, Amenhotep chamou sua nova capital de Aquetaton, Horizonte de Aton e O Centro da Verdade. Esta última referência é encontrada num breve hino atribuído à Amenhotep quando, com sua rainha Nefertiti, ele transferiu sua residência para Aquetaton e adotou o nome de Akhenaton, que significa aquele que é benéfico a Aton.
Os seguidores do conceito monoteísta de Akhenaton estavam plenamente cientes das convicções do faraó sobre Maat. Com freqüência encontramos as pessoas da sua corte glorificando Maat, ou a verdade. Em sua revolução, Aton, o deus único, era o criador e mantenedor da verdade e da retidão. Maat, ou a verdade, era a força cósmica da harmonia, da ordem, da estabilidade e da segurança.
Na Era das Pirâmides, Ptah-hotep apresentou o conceito de que o coração era o centro da responsabilidade e da orientação. No tempo de Tutmosis III, na 18.ª Dinastia, declarou-se que "O coração de um homem é seu próprio deus, e meu coração está satisfeito com meus atos".
Pensava-se que esta fosse a voz interior do coração e, com surpreendente percepção, chegou a ser chamada de o deus de um homem. O egípcio tornara-se mais sensível, mais discriminador na sua aprovação ou reprovação da conduta de um homem. O coração assumiu o equivalente ao significado da nossa palavra consciência.
James Henry Breasted escreveu que da verdade, da retidão, do conceito de justiça de Maat veio a consciência e o caráter. Akhenaton destacou repetidamente o conceito de retidão de Maat. Ele desenvolveu o reconhecimento da supremacia de Maat como retidão e justiça numa ordem moral nacional sob um único deus.
O conceito de Maat do Egito Antigo prevaleceu intensamente até o Reino do Meio ou começo do Período Imperial. Durante algum tempo ele esteve relativamente ignorado, mas recuperou sua força no período de toda a 18.ª Dinastia, especialmente durante o tempo de Akhenaton. Mas na época da 20.ª Dinastia, Maat decaíra.
Havia a ineficiência governamental, a indiferença, a fuga da responsabilidade e a desonestidade. A consciência social, o interesse de grupo e a integridade pessoal deixavam de existir. Já não havia mais um homem justo, vivendo em harmonia com a ordem divina de Maat. Deixara de existir o conceito de caráter, de dignidade humana e decência. Quando a ordem estabelecida de Maat, sobre a qual se apoiava o modo de vida egípcio, foi descartada, a vida perdeu o significado. A antiga verdade, Maat, que predominara por uns dois mil anos, deixara de se impor.
Temos de reconhecer pela monumental evidência que, para os egípcios antigos, o conceito de Maat criou uma grande sociedade humana onde havia justiça na pessoa humana e social.
A deusa Maat
Museu Egípcio do Cairo
Época: 1290-1278 a. C.
Local: Vale dos Reis
Categoria: Relevo
Material: Calcário
Técnica: Pintura em baixo-relevo

Altura: 74 cm
Largura: 47 cm
A pintura mostra a deusa Maat usando um ornamento na cabeça, com uma pluma de avestruz, o símbolo da verdade e da justiça.


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O VERDADEIRO DESAFIO DO SACERDÓCIO

O VERDADEIRO DESAFIO DO SACERDÓCIO


Mavesper Cy Ceridwen


Quando as pessoas buscam ingressar na Wicca estão preocupadas com uma coisa só:
sua iniciação. Algumas de um ponto de vista menos esclarecido e mais
superficial, se preocupam com iniciação porque é um requisito, do tipo que é
ter diploma de alguma coisa para exercer uma profissão. Outras pessoas, mesmo
quando mais esclarecidas, ainda assim estão focadas na iniciação, mas daí já tem
uma idéia mais clara sobre a Iniciação ser um processo de transformação de
vidas, o marco inicial de uma Vida Sacerdotal.

E as pessoas, mesmo as mais esclarecidas e que vão se tornando praticantes
experientes, quando neófitas acham que o desafio maior é conseguir se iniciar.
Encaram mesmo o rito iniciático como uma colação de grau, algo que se esgota em
si mesmo e da uma qualidade que a pessoa jamais perderá. Será verdade?

Claro que não: o enorme desafio do Sacerdócio se chama CONTINUIDADE, ou seja,
você vai mesmo persistir por toda sua vida nessa escolha de ser uma Sacerdotisa
ou um Sacerdote? Muita gente, muito entusiasmada nos primeiros anos, começa a
perceber que o desafio é grande demais quando as Rodas começam a se acumular.

A primeira coisa que pesa é que SACERDÓCIO É SERVIÇO, contínuo e permanente aos
Deuses, com todas as suas qualidades e o máximo de seus esforços. Nem sempre a
Deusa exige isso todos os dias, mas muitas vezes exige sim, e por grandes
períodos.

Pessoas que têm vocação sacerdotal sabem – ou deveriam saber - que sacerdócio se
traduz em serviço. De muitos tipos e maneiras, mas sempre a inequivocamente
SERVIÇO. Pode ser somente na sua cozinha ou em grandes ritos públicos, pode ser
somente meditando ou tendo vocação para dar aulas... COMO o serviço é feito,
somente a Deusa decide e isso muda de tempos em tempos.

Mas há algo que é comum a toda Sacerdotisa e Sacerdote: uma hora
repetir os ritos toda lunação e sabbats, manter a roda girando,
atender pessoas que nos procuram, servir o tempo todo pesa. A vida
pessoal sofre, o laser é deixado de lado, o ócio é sacrificado, a
convivência familiar diminui.

E não só o tempo que o Sacerdócio demanda é o problema. Há um problema
maior: as vezes a gente desanima. O que antes dava muito prazer –
armar altares, preparar feitiços , fazer meditações – não dá mais
tanto prazer ou parece um fardo. Tudo fica sem graça, tudo parece
difícil e não vemos resultados.

Isso não ocorre só com Dedicados, ocorre até comigo e com gente muito
melhor e mais velha na bruxaria do que eu.

Sabem por que?

Porque “That ‘s Life”.

Porque a Roda da Vida tem CICLOS de desânimo e entusiasmo e nosso
Sacerdócio, como TUDO que existe também tem. Uma hora estamos em cima,
outra estamos embaixo. Como a Deusa me disse certa vez, não é difícil
entendê-la, porque Ela na verdade tem uma só lição A LIÇÃO DOS CICLOS.

Então, quando estamos em baixa de entusiasmo, temos que compreender
que é assim mesmo e persistir, porque a Roda vai girar e nos levará a
outro ciclo de grande prazer com nosso sacerdócio. Basta esperar e
aproveitar as lições e dadivas que o desânimo esconde e que somente
ele pode nos revelar...

Isto é, SE E SOMENTE SE não esquecermos do porquê começamos tudo isso.

Lembra do Chamado? Lembra do dia em que você olhou a Lua e viu nossa
Mãe? Quando olhou a árvore e viu o Green Man pela primeira vez? Olhou
o Sol e viu o Senhor Chifrudo? Lembra?

Em uma fase muito difícil do meu Caminho, lá no começo, uma noite de
esbat eu estava muito triste. Era novembro e eu acabara de sair de um
grupo que amava muito e em que estivera alguns anos. Olhei a Lua na
minha janela do apartamento, cheia e linda, e as minhas coisa
ritualísticas de Ísis sobre a cama esperando o início da celebração do
esbat. Há cinco rodas eu celebrara em grupo, essa seria minha
primeira celebração sozinha.

Tracei o Círculo, muito triste, pensando que o meu antigo grupo estava
começando o mesmo rito naquele horário. Fiz os ritos, orações e
comecei a meditar. Havia programado meditar sobre o sacerdócio, mas na
verdade comecei a ir a uma vida passada , em Roma. Vi a cidade
claramente e me vi fazendo compras de frutas em um mercado,
acompanhada de outras sacerdotisas do templo de Ísis. Vestíamos linho
branco e era escoltadas pela guarda do templo. Lembro do sabor das
uvas pretas e pêssegos, lembro do sol brilhando na casca das frutas,
lembro com nitidez cada recanto e pessoa daquele grande mercado.

Depois, a Visão mudou e me vi menina, de uns 11 anos. Vestida de
branco, com uma toga curta e acompanhada de mais umas quinze meninas
da mesma idade. Entraríamos no Templo pela primeira vez, onde seríamos
recebidas como aprendizes e depois noviças. A instrutora nos recebeu
no pátio externo, e nos conduziu, mas alguma coisa chamou minha
atenção e fui para a direita, enquanto elas entravam com a instrutora.
Ao lado do jardim magnífico com um tanque ao centro, estava uma
estátua de Ísis Menina. Eu a olhava fascinada, porque achava, com
minha visão de criança que Ela era muito parecida comigo mesma. E
quando olhei a estátua, quando meus olhos encontraram os Dela, me
apaixonei perdidamente, me perdi dentro da imensidão que é
Ela...Conheci Ísis pela primeira vez e meu coração se inundou de um
amor indescritível, algo sem comparação, sem rivalidade. Nada podia
ultrapassar aquele sentimento. Amei Ísis desde aquele momento e soube
que toda minha vida seria dedicada a ela com amor. Não havia para mim
maisi nem vislumbre de outro modo de viver.

Nessa hora, escutei a Voz de Ísis e ela me disse: “Lembre-se sempre,
em todo seu sacerdócio, e em qualquer vida, que esteja onde você
estiver e faça o que fizer a única coisa que importa é que você
mantenha no seu coração a consciência desse momento em que você me viu
pela primeira vez e me amou. Se ele nortear sua vida, nada pode estar
errado. Vocês erram ao se afligir sobre entrar ou sair em grupos.
Vocês não estão neles por seu desejo e vontade, mas tão somente porque
é o melhor para mim e meu serviço. E seja sozinha ou acompanhada,
esteja onde estiver se você mantiver no coração seu amor por mim,
nunca errará”.

O verdadeiro desafio do Sacerdócio é esse: seu amor à Deusa e ao Deus
vencerá ano após ano os ciclos de desânimo, preguiça, problemas e
medo? Você os compreenderá e aceitará serenamente ( mesmo reclamando,
porque ninguém é perfeito) como parte de seu serviço e aprendizado?

Que cada um responda com sua vida.
Vivendo por Maat,

Mavesper Cy Ceridwen, que também os Deuses conhecem como
Mirabilis Cy An Kether 

Créditos: Mavesper Cy Ceridwen

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